Em artigo escrito para o portal UOL, Marco Polo Del Nero, ex-presidente da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) fez questionamentos sobre os "rumos financeiros" da Confederação e exigiu a saída do atual mandatário da entidade, Ednaldo Rodrigues.
Banido de exercer qualquer atividade diretiva no futebol desde 2018 por ordem da Fifa devido a envolvimento em escândalos de corrupção, Del Nero disse ter "enorme preocupação" com a suposta "gestão temerária" da CBF e acusou Ednaldo de ter "gasto R$ 400 milhões" ao mesmo tempo em que o futebol nacional vem "decaindo".
"Como torcedor e entusiasta do potencial do futebol brasileiro, me causa enorme preocupação ver os rumos financeiros da CBF com essa gestão precária, temerária e dissociada da realidade que estamos acompanhando do atual presidente", iniciou o ex-cartola.
"Pelo bem do futebol brasileiro, penso que ele deveria assumir sua incompetência e renunciar. Ou quem tem poder para isso, que é a Assembleia Geral, poderia retirá-lo de lá antes que ele comprometa o futuro do futebol brasileiro como um todo", seguiu.
"A saúde financeira da CBF que parecia inabalável parece agora estar em iminente risco. A atual gestão herdou um caixa de R$ 1,25 bilhão e receitas crescentes. E pelo que temos notícia, agora o saldo já está abaixo dos R$ 870 milhões. De abril até agora", apontou.
"A pergunta que fica é onde o presidente gastou esses R$ 400 milhões se o que observamos é o futebol brasileiro decaindo, a CBF completamente estagnada, a seleção brasileira de mal a pior! Uma bagunça completa, todo mundo insatisfeito, clubes abandonados! Um cenário realmente caótico", complementou.
Del Nero ainda afirmou que o futuro projetado para a Confederação é "ainda pior", principalmente pela desvalorização da marca da seleção brasileira e do possível abandono de patrocinadores.
"Se o presente preocupa, o que se projeta para o futuro é ainda pior. Gastos descontrolados, receitas em queda e contratos renegociados de forma absurda para valores inferiores aos praticados atualmente", argumentou.
"Tem patrocinador que pagava R$ 80 milhões e agora paga R$ 40 milhões. Direitos da seleção brasileira desvalorizados em outros R$ 40 milhões por ano. Seis patrocinadores abandonaram ou não renovaram seus contratos. Nenhuma nova marca conquistada. Dezenas de fornecedores recorrendo à Justiça para receber pelos serviços prestados. Protestos, Serasa, tudo um caos", acrescentou.
"E essas são apenas algumas informações que chegam ao conhecimento da opinião pública. O quadro é realmente alarmante. É uma gestão de alto risco aos interesses do futebol e dos torcedores brasileiros", finalizou.
Resposta da CBF
Também ao UOL, a Confederação Brasileira de Futebol respondeu Marco Polo Del Nero e chamou as informações divulgadas pelo ex-presidente da entidade de "fake news".
Em nota oficial, a organização apontou que teve "o maior superávit de sua história" no ano passado e salientou que "tem feito o maior investimento de sua história", atendendo quem teria sido "esquecido" por gestões anteriores.
"A CBF não comenta fake news. No mais, é público que a entidade teve em 2022 o maior superávit de sua história. Além disso, é público também que a CBF tem feito o maior investimento de sua história, atendendo os esquecidos até anos atrás, como os clubes das Séries C e D e o futebol feminino, o que já foi amplamente noticiado", escreveu.
"Tudo isso seguindo cláusulas de transparência e anticorrupção avalizadas pela Fifa, que anos atrás suspendeu repasses à CBF em função de escândalos de corrupção", salientou.
Por que Del Nero foi banido?
Em abril de 2017, o Comitê de Ética da Fifa anunciou que Marco Polo Del Nero foi banido, pelo resto da vida, de qualquer atividade relacionada ao futebol, seja ela administrativa, esportiva ou qualquer outra. O banimento tem caráter nacional e também internacional.
Além do banimento, o ex-presidente da CBF foi multado em 1 milhão de francos suíços (R$ 3,51 milhões, na cotação da época).
Em comunicado emitido pela entidade, foi informado que a investigação contra Del Nero foi aberta no dia 23 de novembro de 2015 e se referia a um esquema de propinas em troca de contratos para companhias de mídia e marketing envolvidas com direitos de torneios, incluindo a Copa América, CONMEBOL Libertadores, e também a Copa do Brasil.
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